A brevidade do termo, PANC,
geralmente causa mais falta de entendimento sonoro do que estranhamento em si.
“Pan o quê?”, “Pankakes?”. "Punk?"
Não. Plantas Alimentícias Não
Convencionais, PANCs. Aquele “mato” que
não se sabe nomear ou reconhecer, visto em canteiros de rua, crescido espontaneamente
nas hortas e, uma vez que o leitor se familiarize com as inúmeras espécies conhecidas como PANCs, em muitos
outros lugares será encontrado.
Nem tudo o que nasce da terra e se encontra
por aí é comestível, mas podemos garantir: muito mais do que comemos é. “Cerca de 90% das calorias que a gente come vêm de 20 espécies vegetais, no mundo todo, sendo que existem pelo menos mais de 12 mil espécies alimentícias catalogadas”, nas palavras de Neide Rigo, nutricionista especialista no tema.
A sociedade vigente
adaptou-se a comer o que não necessariamente está na
época de nascer. Resultado? Amplo uso de agrotóxicos e altos preços para manter
o tomate ou a batata na mesa o ano todo.
Ora, se nesta estação não nascem
tomates com naturalidade, por que não comer abobrinha? E, na falta de batatas,
comer cará? Ou inhame? (CEAGESP, 2018)
Dente-de-leão |
Juntando-se os vícios culturais de inviabilidade ambiental e econômica
à proposta de PANCs, por que não comer folhas de dente-de-leão? Ou taioba? Ou tamarillo? Ou feijão guandu? Ou maria-pretinha? Todos esses nascem
espontaneamente, em grande parte do ano. E os nomes os denunciam: estão
intrinsecamente relacionados à cultura nativa brasileira.
Não se deve apanhar tudo que
existe nos canteiros e ruas da cidade, no entanto. De preferência, a introdução
a um Guia sobre Pancs (como o do Instituto Kairós, citado nas referências deste post) deve ser o início, além da assiduidade
em hortas urbanas ou comunitárias e feiras livres. Em geral, lavar bem e conhecer
as partes das plantas que podem ser comidas (às vezes só as folhas, às vezes só
o caule) são táticas suficientes. (INSTITUTO KAIRÓS, 2017)
A proposta de PANCs
não se trata apenas de consumir plantas exóticas, mas também inclui o consumo
integral dos alimentos. Raízes, folhas, caule e muitas
outras partes que em geral não são preparadas, por convenção social, podem ser comidas. Nesse
raciocínio, há um intercâmbio cultural e também diminuição do desperdício através da degustação de um único botão de flor ou das folhas da beterraba ou da batata doce.
PANCs representam com sabor como
sustentabilidade e patrimônio cultural podem ser comidos e nutrir o corpo. E há algumas delas na Horta! Se quiser conhecê-las mais ou fazer um tour pela Horta para identificá-las, deixe aqui seu comentário.
Referências:
CEAGESP. SAZONALIDADE DOS PRODUTOS COMERCIALIZADOS NO ETSP. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/wp-content/uploads/2015/05/produtos_epoca.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2018.
INSTITUTO KAIRÓS. Guia Prático sobre PANCs: plantas alimentícias não convencionais. São Paulo: Instituto Kairós, 2017. Disponível em: <https://institutokairos.net/portfolio-items/guia-pratico-de-panc-plantas-alimenticias-nao-convencionais/>. Acesso em: 14 mar. 2018.
PAULO, Sesc São. Resistência Panc: pela diversidade, liberdade e autonomia na alimentação. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/online/artigo/compartilhar/11428_RESISTENCIA+PANC+PELA+DIVERSIDADE+LIBERDADE+E+AUTONOMIA+NA+ALIMENTACAO>. Acesso em: 10 out. 2017.
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